SUDÃO DO SUL: Duas centenas de crianças-soldado foram libertadas no estado de Yambio

Mais de duas centenas de crianças que se encontravam nas mãos de grupos armados foram libertadas recentemente graças ao esforço que está a ser desenvolvido pelas autoridades no estado de Yambio Gbudue.

A maior parte destas crianças eram rapazes que estavam a ser usados em acções militares, por vezes mesmo em combates, mas há também algumas dezenas de raparigas.

Esta é a segunda libertação de um grande grupo de crianças e adolescentes nos últimos meses. Em Fevereiro, outras três centenas de rapazes e raparigas foram libertados também no estado de Yambio, o que traduz um compromisso efectivo por parte das autoridades no combate a esta realidade que é uma consequência do clima de guerra civil em que se encontra o Sudão do Sul.

De facto, a libertação destas crianças forçadas a participar em combates e actividades criminosas é um sinal positivo mas não apaga a situação trágica que se vive no mais jovem país do mundo. Tal como a Fundação AIS noticiou no final do mês de Abril, a intensificação dos combates está a provocar um agravamento da crise humanitária nesta região.

David Shearer, representante especial do secretário-geral e chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul, alertou que esta guerra quase esquecida está a ter “um impacto arrasador” nas populações, com “civis inocentes” a serem “apanhados pelo fogo cruzado” dos grupos armados, “incluindo muitas mulheres, crianças e pessoas idosas”.

O responsável das Nações Unidas referiu então que “as equipas no terreno estão a noticiar assassinatos, violência sexual, casas queimadas, gado roubado, hospitais e escolas pilhados”.

O conflito armado, que dura há cerca de cinco anos, provocou já quase 2,5 milhões de refugiados e a deslocação para outras regiões do país de um terço da população do país, de cerca de 12 milhões de pessoas.

Como sublinhou também Filippo Grandi, alto comissário da ONU para os refugiados, “metade da população” do Sudão do Sul “já não vive nas suas casas”.

O conflito neste país teve início em Dezembro de 2013, opondo o Presidente Salva Kiir, de etnia “dinka”, ao então vice-presidente, Riek Machar, da tribo “nuer”, acusado de organizar um golpe de estado para conquistar o poder.

A Fundação AIS é uma das instituições da Igreja que mais tem procurado auxiliar as populações locais vítimas deste conflito, nomeadamente junto dos refugiados, correspondendo assim também a um apelo expresso do Papa Francisco de auxílio para com esta nação africana.

Fonte: Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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