Montemor-o-Novo em festa com a celebração dos 75 anos do Hospital de S. João de Deus (com fotos)

 Neste dia 3 de outubro, pelas 17h00, o Arcebispo de Évora presidir à Eucaristia comemorativa dos 75 anos da fundação do Hospital de São João de Deus, em Montemor-o-Novo.

Foi um momento de júbilo para a Ordem Hospitaleira, para a comunidade montemorense e para toda a Arquidiocese de Évora.

Recorde-se que o Hospital de São João de Deus foi fundado, em 1950, como hospital infantil para dar resposta a nível nacional a crianças vítimas da poliomielite e portadoras de malformações congénitas. Foram iniciadas também a ortoprotesia onde foram e são confeccionadas ortoteses, calçado e próteses para amputados.

Ao longo dos tempos foi referência nacional a nível de ortopedia, cirurgia plástica e reconstrutiva , tendo chegado a responder a diversas especialidades cirúrgicas. Com as burocracias governamentais foi forçado a suspender a atividade cirúrgica e hoje continua a sua atividade com doentes da Rede Nacional de cuidados continuados e paleativos. Além disso tem em funcionamento as oficinas ortopédicas e fisioterapia.

Para assinalar a efeméride está patente a exposição "75 Anos, 75 Memórias", que pode ser visitada nas ruas da Cidade de Montemor-o-Novo até este dia 3 outubro. São 75 anos de memórias, de inovação, de investigação, de cuidado e Hospitalidade. A exposição conta com o apoio do Município de Montemor-o-Novo.




Apresentação do livro «75 Anos do Hospital São João de Deus – Montemor-o-Novo – 1950-2025», pelo Ir. Adelino Manteigas

 

Após a Eucaristia decorreu a  apresentação do livro sobre os 75 Anos do Hospital S. João de Deus em Montemor-o-Novo, feita pelo Irmão Adelino Manteigas.

Partilhamos na íntegra o texto da apresentação:

"Boa tarde, a todos.

Cabe-me, agora, apresentar o livro «75 Anos do Hospital São João de Deus Montemor-o-Novo».

Escrito neste 75º ano de vida do Hospital, apresenta-o, em 19 Capítulos, desde a sua origem (De onde viemos – Capítulo I) até aos nossos dias (O tempo atual – Capítulo XVI), reservando para os três últimos Capítulos uma nota à resiliência do Hospital (Hospital Resiliente – Capítulo XVII), uma nota ao seu reconhecimento (Reconhecimento – Capítulo XVIII), e uma última nota, poética, cujo Capítulo XIX, o último, é: Hospitalidade em Verso.

É um livro com história, com rigor, mas não será um livro histórico. É um livro escrito em linguagem corrente, sem pretensiosismos, para que todos o possam ler. É um livro que pode trazer à memória muitos e muitos montemorenses, e outros, tantos outros, que experienciaram a Hospitalidade de São João de Deus, que desde 1550, primeiro os companheiros do Santo Inteiro em Hospitalidade, depois os Irmãos de São João de Deus, e depois, ainda, a multidão de Colaboradores hospitaleiros, receberam em herança para que ela, a Hospitalidade, continue a ser, nos nossos dias, uma marca indelével no mundo do sofrimento.

É um livro com cerca de 100 páginas que na sua portada não poderia deixar de ter um retrato do Santo inteiro em Hospitalidade, o Montemorense mais ilustre, de todos os tempos. O mesmo que deixou a sua terra, ainda criança, não por fuga, não por rapto, mas, certamente, por circunstâncias que a história dos homens pode desmistificar.

O Capítulo II é sobre as origens. E pode responder a perguntas como quando, quem, porquê?

Já no Capítulo III, A primeira residência e o primeiro edifício hospitalar, se pode perceber, que à sua chegada, os primeiros Irmãos de São João de Deus, começaram este “monumento à Hospitalidade” servindo quem de Hospitalidade necessitasse.

O Capítulo IV está dedicado à Poliomielite e Deformidades Congénitas. O Hospital São João de Deus de Montemor-o-Novo teve, nesta área da saúde uma dimensão nacional e uma importância, maior, para o tratamento das sequelas desta doença.

No Capítulo V apresenta-se a igreja, esta igreja onde agora estamos reunidos. É reconhecido o apoio e a colaboração das muitas pessoas, de boa vontade, que contribuíram para a sua construção. É uma igreja de todos e para todos, porque “todos” a construíram, e a continuam a edificar.

O Capítulo VI é dedicado às Primeiras Oficinas Ortopédicas do Hospital. É uma história real fantástica. Pessoas com deficiência, reabilitadas, meteram mãos à obra e ajudaram milhares de outras pessoas com deficiência a reabilitarem-se e a tornarem-se pessoas capazes de desenvolverem projetos de vida, que à partida à época, lhes estavam vedados.

A Escola Primária é trazida ao leitor no Capítulo VII. E quão importante ela foi para crianças que chegavam a estar internadas um ano, e mais.

A Vivenda João XXIII, no Capítulo VIII, é um bom exemplo, até, para os dias de hoje. O Hospital preocupou-se em proporcionar habitação digna aos Colaboradores, assalariados, que foram os primeiros a praticar Hospitalidade em harmonia com os Irmãos.

O Capítulo IX, Caminhando, é o capítulo que nos recorda que o caminho se faz caminhando. E o Hospital Infantil São João de Deus de Montemor-o-Novo sempre caminhou, caminhou, caminhou. Por isso aqui estamos hoje.

Testemunhos sobre o Hospital foram, são e serão muitos. No Capítulo X estão descritos alguns deles.

No Capítulo XI, Novas Instalações / Crescimento, o livro apresenta uma nova fase, de grande importância para o Hospital. O Hospital cresce, deixando o primeiro edifício para se instalar em novas instalações, numa estrutura moderna e atual. É a atual estrutura hospitalar, mantida exteriormente, mas com requalificação dos interiores.

Enquadra-se no capítulo anterior este XII Oficinas Ortopédicas / Novas Instalações. Um passo gigante dado na melhoria de excelente trabalho oficinal que vinha sendo executado nas instalações, muito precárias, onde tudo começou.

Outros acontecimentos na vida do Hospital é o título dado ao Capítulo XIII. E destaca isso mesmo, acontecimentos que o autor achou interessantes para o conhecimento público do Hospital.

No Capítulo XIV - A década de 90 do século XX - é apresentado o Hospital como tendo atingido uma grande maturidade técnica, humana e hospitaleira. E traz a evidência que as crianças, os meninos cresceram e tornaram-se adultos, e que a Poliomielite deixou de ser um problema de saúde pública no nosso país. O Hospital Infantil passava, pois, a Hospital para pessoas adultas que carregavam as sequelas da “maldita poliomielite”.

Chegados ao Capítulo XV, a que demos o título: “Um novo século (XXI) / Um novo ciclo” o Hospital abre-se a um novo ciclo de Hospitalidade. Se antes, já havia sido confrontado com o crescimento dos meninos, que, entretanto, se tornaram adultos, chegou um tempo em que o Hospital se confrontou com o facto dos adultos se tornarem anosos. E o Hospital, claro, acompanhou esta evolução. Mais, o Hospital, audacioso, não hesitou em avançar para parcerias com a Rede Nacional de Cuidados Continuados. Foi pioneiro na nossa região com a abertura de Serviços desta Rede.

Vai longa esta minha apresentação do livro «75 Anos do Hospital São João de Deus – Montemor-o-Novo». Por isso termino. Termino com o pedido, grato, de que leiam o livro. E que ao lê-lo, sintam a satisfação de compreenderem que todos nós estamos dentro dele, de uma maneira ou de outra, todos; dando o contributo pessoal para que o Hospital São João de Deus de Montemor-o-Novo não pereça, mas permaneça.

Muito obrigado."


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