"Mosca" do Projecto Ruínas estreia hoje em Montemor-o-Novo

“Mosca” é o título da nova criação do Projecto Ruínas, de Montemor-o-Novo (Évora), que estreia hoje, baseada num “grupo de sobreviventes de um acontecimento apocalíptico” e no “elemento absurdo” do inseto que dá nome ao espetáculo.
A estreia do espetáculo, segundo a companhia, está marcada para as 21:30 de hoje, no Cineteatro Curvo Semedo, em Montemor-o-Novo, onde fica em cena também na sexta-feira e no sábado, à mesma hora.
A criação “ruma”, depois, para Lisboa, onde vai estar em palco, entre os dias 14 e 17 deste mês, no Teatro Ibérico, igualmente às 21:30, acrescentou.
Segundo o Projecto Ruínas, “Mosca” é um espetáculo que se propõe a “ter múltiplas camadas de leitura”, tendo o trabalho partido da ideia “da ordem e do caos” e de como “um acontecimento singular pode provocar uma desorganização do estado das coisas em vários níveis” e “ao mesmo tempo”.
Mas, segundo a companhia teatral, “a componente narrativa da sinopse esgota-se rapidamente com o aparecimento do elemento absurdo da mosca”.
“A partir desse cruzamento de realidades ou universos percetivos, a ideia é explorar o absurdo narrativo e o absurdo cénico. Assim, o acontecimento narrativo muda também a perceção que o público terá do próprio espetáculo”, justificou.
Num bunker industrial, pode ler-se na sinopse da criação teatral disponibilizada à agência Lusa, “os sobreviventes resistem a uma ameaça externa indizível”, só que “a segurança do espaço é quebrada com o aparecimento de uma mosca”.
“A penetração torna-se motivo para o pânico, as ações retaliatórias, o caos e a reorganização da matilha. Por absurdo, chega-se à conclusão de que única opção é a morte”, revelou o Projecto Ruínas.
Com a introdução da “mosca” na narrativa, em cena já não existe mais “um grupo de sobreviventes de um qualquer acontecimento apocalíptico, mas personagens que se dissolvem perante a tirania do absurdo”.
“Para tal, prevê-se uma procura de recursos cénicos e artísticos que descole do realismo rumo ao absurdo, assente no movimento, na sonoridade, no silêncio”, indicou, referindo que, nessa altura, o espetáculo vai ganhar uma “outra camada”, assente “na pesquisa sonora, no movimento, na dissolução das personagens”.
A criação “Mosca” tem conceção e encenação de Francisco Campos, que também integra o leque de intérpretes, do qual constam ainda Sofia Vitória, Susana Blazer e Zé Bernardino.
Este espetáculo do Projecto Ruínas foi financiado pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara de Montemor-o-Novo, com apoios das associações O Espaço do Tempo, Oficinas do Convento e Alma d’Arame, CAPA – Devir, Teatro Ibérico, Companhia João Garcia Miguel e Câmara de Lisboa.

RRL // MLM - Lusa

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