A abóbada de uma das salas do Convento da Saudação, onde funciona a associação cultural O Espaço do Tempo, dirigida pelo coreógrafo Rui Horta, ruiu parcialmente em outubro, alegadamente devido ao furacão Leslie.
“Na verdade, a causa próxima foi o furacão, mas isto tem a ver com 18 anos de abandono, desde que nós aqui estamos e com uma chamada de atenção constante para os problemas do Convento da Saudação”, classificado como Monumento Nacional e que está degradado, afirmou na altura Rui Horta, em declarações à Lusa.
Ao final da tarde de 20 de Novembro, depois de uma visita técnica ao local, para “avaliação dos espaços”, fonte da Secretaria de Estado da Cultura disse à Lusa que “serão adotados os procedimentos necessários para que esta intervenção seja feita o mais rápido possível”.
De acordo com a mesma fonte, na visita estiveram elementos da Direção-Geral do Património Cultural, em representação da Secretaria de Estado da Cultura, da Direção Regional da Cultura do Alentejo, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Alentejo e da Câmara de Montemor-o-Novo.
Ao início da tarde de 20 de Novembro, a Secretaria de Estado da Cultura tinha anunciado, em comunicado, estar “a acompanhar a situação do Convento da Saudação em articulação com o município de Montemor-o-Novo (entidade responsável pela gestão do imóvel), para que seja feita uma intervenção com caráter de urgência”.
No comunicado, a tutela dava conta de que a secretária de Estado, Ângela Ferreira, reuniu-se na segunda-feira com Rui Horta, tendo estado também presentes no encontro elementos da autarquia de Montemor-o-Novo e da Direção-Geral das Artes.
Nessa reunião, “foi consensualizado entre todos os envolvidos que parte da área do Convento seria desocupada de pessoas e bens de forma a salvaguardar a segurança de todos”.
“Estão já a ser procuradas soluções alternativas para que O Espaço do Tempo mantenha a sua normal atividade”, lê-se no comunicado.
Na edição de 20 de Novembro do jornal Público, foi publicada uma carta aberta, titulada “Um buraco na Cultura”, na qual várias personalidades defendem que “a recuperação do Convento da Saudação é uma prioridade urgente para a cultura” do país.
A missiva é assinada, entre outros, pelos coreógrafos Clara Andermatt e Jan Martens, a atriz Isabel Abreu, o compositor Luís Tinoco, o fadista Camané, o gestor cultural Miguel Lobo Antunes, os investigadores Carlos Fiolhais e Mónica Bettencourt Dias, a escritora Hélia Correia e o designer Henrique Cayatte.
Em outubro, quando a abóbada de uma das salas do convento ruiu parcialmente, tanto a câmara como o coreógrafo Rui Horta reclamaram que o imóvel, situado no castelo da cidade alentejana, necessitava de obras de requalificação urgentes.
O Convento de Nossa Senhora da Saudação pertenceu à Ordem Dominicana e acolheu sempre grande número de religiosas até que, no século XIX, foi ocupado pelo Estado, que aí instalou um asilo (permaneceu até aos anos 60 do século XX).
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