Recurso de Asia Bibi vai ser decidido hoje e representa a última hipótese judicial para evitar a pena de morte

Inicia-se hoje, segunda-feira, dia 8 de Outubro, no Supremo Tribunal do Paquistão, o processo de recurso interposto por Asia Bibi, que é também a última hipótese legal de esta cristã, mãe de cinco filhos, escapar à sentença de morte pelo crime de blasfémia a que foi condenada por ter bebido apenas um copo de água de um poço.

Tudo poderá decidir-se em muito pouco tempo, com três juízes a escutarem os argumentos do advogado de defesa de Asia Bibi assim como dos representantes do Ministério Público. O painel de juízes será composto, tudo o indica, por Mian Saqib Nisar, presidente do Supremo, Asif Saeed Khosa e Mazhar Alam Khan Miankhel.

A decisão do Supremo Tribunal de Justiça, que não deverá ser conhecida antes de alguns dias, é aguardada com muita expectativa. Além do que significa de esperança para Asia Bibi, confinada a uma cela na prisão há cerca de 3.400 dias, há todo um enquadramento legal que poderá vir a ser alterado face às acusações de blasfémia, normalmente injustas, incorretas e ilegais, mas que, apesar disso, têm permitido a condenação de inúmeros inocentes, muitos deles cristãos.

E têm sido também muitas as vítimas relacionadas com este processo. Ainda em Maio passado, um ministro do governo paquistanês, Ahsan Iqbal, foi ferido a tiro, como a Fundação AIS então denunciou, logo após ter participado numa reunião com a comunidade cristã em Narowal, no Punjab.

O autor da tentativa de assassinato, Abid Hussain, depois de ter sido detido pela polícia assumiu-se como militante de um partido islamita extremista, Tehreek-e-Labaik, organização que não admite qualquer mudança na Lei da Blasfémia.

Em 2011, o governador Salmaan Taseer e o ministro católico Shahbaz Bhatti foram assassinados após terem defendido publicamente a inocência de Asia Bibi.

O caso de Asia Bibi tem gerado também uma enorme campanha de solidariedade a nível internacional, com a Fundação AIS a procurar mobilizar todos os recursos possíveis para se assegurar a saída da prisão e o regresso a casa desta cristã de 52 anos e mãe de cinco filhos.

Ainda recentemente, em Março, recorde-se, Asia Bibi foi autorizada a receber a visita do seu marido, Ashiq, e de uma das suas filhas, Eisham, na cadeia de Multan, onde se encontra, para lhe entregaram um Terço oferecido pelo Papa Francisco no contexto de uma iniciativa organizada pela Fundação AIS em que se procurou  lembrar ao mundo os cristãos perseguidos, os mártires do nosso tempo.

Asia Bibi sabia da iniciativa da Fundação AIS e aguardava com expectativa o dia em que lhe contassem como tudo correu. Quando Eisham lhe estendeu o Terço oferecido pelo Papa Francisco e lhe contou o comovente encontro com o Santo Padre, Asia Bibi falou em “milagre”, e disse que era “a primeira vez” em nove anos que podia ter consigo “na cela, um objecto religioso”.

“Recebo este dom com emoção e gratidão”, disse Asia Bibi, segundo o relato do seu marido. “Para mim este Terço será um grande consolo, assim como me conforta saber que o Santo Padre reza por mim e pensa em mim nestas difíceis condições que me encontro”.

O marido e a filha explicaram então com todos os pormenores como foi a jornada de oração internacional organizada pela Fundação AIS. Asia Bibi agradeceu o empenho de tantas pessoas pela sua libertação e pela causa da liberdade religiosa no mundo. Uma causa que, disse, não pode esmorecer.

“A atenção internacional sobre o meu caso é fundamental”, afirmou Asia Bibi. “De facto, é por isso que ainda estou viva. Agradeço à Fundação AIS por tudo o que fazem, não somente para mim, mas por todas as outras vítimas desta lei anti-blasfémia que atinge as minorias religiosas.”


Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal

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